top of page
Foto do escritorMárcio Leal

Literatura e música mudam vida de crianças de escolas de Salvador


Acesso a livros, contação de histórias, teatro de fantoches e aulas com músicas são algumas das atividades utilizadas por educadoras e coletivos para dinamizar e entreter crianças do ensino infantil nas periferias de Salvador (BA).


A professora Dayse Lordelo, da creche e pré-escola Primeiro Passo, no bairro de Cassange, faz contação de histórias para crianças de 4 e 5 anos. Além dela, outras quatro professoras realizam, com planejamentos diferentes para atender nove turmas.


Em sala de aula, ela primeiro lê a biografia do autor do livro e cria um ambiente relacionado ao que irá apresentar. "Tenho um baú. Antes de mostrar o livro, trago elementos que compõem a história. Pode ser uma fita, um boneco, uma pedra ou um banco."


Após a contação, as crianças conversam sobre o que escutaram, opinam, criam dúvidas e novos conteúdos são trabalhados nas aulas seguintes. Segundo Dayse, "a oralidade fica mais rica, elas comentam ou recontam a história, que é importante".


"Quando trago um personagem com o cabelo encaracolado ou crespo, escuto: ‘parece com o cabelo da pró, parece com o meu cabelo’. A construção da identidade da criança é uma habilidade conquistada, a autonomia dela também", afirma.


Já na Escola Municipal Frei Leônidas, no bairro de Pernambués, a professora Luciane Alves criou o projeto Reecanto para Leitura. Mais de 600 livros foram doados por autores, editoras etc.


“O livro de literatura em nosso país é muito caro e ensino crianças de baixa renda. Geralmente, os pais não têm condição de comprar um livro. Comecei a doar e pedir para que as crianças tivessem acesso aos livros não somente na escola, mas também em casa", conta.


Luciane usa muitos recursos para despertar o interesse das crianças do 1º ano do ensino fundamental. "Com as crianças da primeira infância, às vezes, eu levo fantoches, faço quebra-cabeça com o nome de um de um livro para eles descobrirem. Peço, às vezes, para encenarem uma parte da história. E a ciranda dos livros em que eles sempre pegam os livros e levam para casa."


Antony dos Santos, 6, é um dos participantes da ciranda. "Levei dois livros e tem a história de um dos gibis da [Turma] da Mônica. Adorei o Mágico de Oz.". Ele diz que gostaria que tivessem mais livros na escola. "Teria mais histórias para conhecer."


Música



Uma vez por semana, crianças aguardam animadas a chegada dos arte-educadores Raíssa Pessoa e Tássio Silva para aula de musicalização na escola comunitária Paulo VI, da Casa das Irmãs Ancilas do Menino Jesus, no bairro de Valéria. O coletivo Notas Coloridas reúne outros profissionais na área de teatro e dança também.


Tássio explica que o trabalho de musicalização começa no diálogo com a escola. "Nossa atuação, anualmente, parte de um tema, que surge das construções de criação do coletivo. A partir disso, dialogamos sobre o plano das escolas, para encaixar o trabalho a cada realidade."


A dupla ensina estudantes de turmas com crianças de dois a cinco anos de idade. Com as de dois, três anos, eles trabalham a movimentação do corpo, lateralidade e coreografias para identificar números e alfabeto, em consonância com o conteúdo ensinado.


As de quatro anos começam a aprender a propriedade do som, como altura, duração. "Eles notam que bater o fundo do copo na mesa tem um timbre e bater o fundo do copo no chão outro timbre. Eles percebem o grave, o agudo", conta Raíssa.


A estudante Aila Gabriela Ferreira, 6, participa sempre das aulas. "Venho todos os dias. Tô aprendendo um bocado de coisa. Aprendi notas novas, não sabia nada de flauta."


Jeferson Davi Abdala, 6, também tem aprendido a tocar flauta. "Primeiro a gente começou a aprender as notas, depois a gente foi fazendo mais atividades. Acho que aprendi a tocar muito rápido. Fiz uma música em casa que nem sei como fiz."


Ioná Santos, mãe do estudante Luís Felipe Alves, 5, tem percebido um desenvolvimento na criatividade do filho. "Em casa, ele abriu o armário, pegou panelas, uma colher de pau e de plástico. Disse que era a bateria e fez movimentos para tocar. Essa é uma construção do aprendizado que ele tem na escola."


46 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page