A população quilombola de Itacaré é mais jovem, mais feminina, mais alfabetizada e possui maior acesso a serviços de saneamento básico que a população total de Itacaré (BA). Esses são os principais resultados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e compilados pelo Instituto Tijuípe em nota técnica (leia a nota técnica completa).
Do total de 27.704 habitantes de Itacaré, 10,3% se declaram como quilombolas, sendo 49,5% homens e 50,5% mulheres. Esse dado é o inverso do identificado na cidade, onde 50,8% são homens e 49,2% mulheres.
Essa população quilombola de Itacaré é predominantemente jovem (51% do total), composta por 24% de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos e por 27% de jovens de 15 a 29 anos. Já a população adulta, de 30 a 64 anos, representa 43% da população, enquanto 6% possuem 65 anos de idade ou mais.
A taxa de alfabetização das pessoas quilombolas de Itacaré (87%) é boa, sendo superior ao identificado para a população total da cidade (86%) e para os quilombolas de todo o país (81%). Mas ainda é pior que o índice total do Brasil (93%).
As mulheres quilombolas do município são mais alfabetizadas que os homens (88% e 85%, respectivamente) e, entre a juventude, a taxa é altíssima, de 98%. Quanto maior a faixa etária, menor a alfabetização.
Saneamento básico
Os serviços de saneamento básico envolvem o acesso à água, ao esgotamento sanitário e à coleta de lixo. Em relação à água, a população quilombola de Itacaré tem alto acesso à rede geral (73%), enquanto 27% utilizam apenas outros meios, como poço, armazenamento da chuva, fonte ou nascente, rios, açudes, lagos, igarapés e carro-pipa.
Esse resultado é superior ao identificado para a população total de Itacaré, que tem 65% de pessoas com acesso à rede geral e 35% que utilizam apenas outros meios. Em todo o país, apenas 57% dos lares quilombolas têm acesso à rede de água.
Já em relação ao esgoto, 64% das pessoas quilombolas de Itacaré têm acesso à rede geral, enquanto 27% utilizam fosse séptica ou rudimentar, 6% disseram dispensar em valas, rio, lagos, mar ou outras formas e 3% afirmaram não possuir banheiro na residência.
Esse resultado também é melhor que o identificado para a população total de Itacaré, que tem 49% de pessoas com acesso à rede geral, 40% utilizam fosse séptica ou rudimentar, 7% disseram dispensar em valas, rio, lagos, mar ou outras formas e 4% afirmaram não possuir banheiro na residência.
Em todo o país, apenas 13% dos lares quilombolas têm acesso à rede de esgotamento sanitário e apenas 58% dos lares da população total possuem acesso.
A situação da população quilombola de Itacaré também é melhor que a identificada para a população quilombola do Brasil em relação à existência de banheiro nos domicílios (17%). No total de lares do país, essa situação é passada por menos de 3% da população.
Em análise desses dados, chama atenção o fato de 6% de pessoas quilombolas dispensarem esgoto em valas, rio, lagos, mar ou outras formas e 7%, em toda a Itacaré, fazerem o mesmo. Essas são situações que geram poluição de nossas terras, rios e mares, devendo ser objeto de políticas públicas específicas.
Já em relação à dispensa de lixo, 85% da população quilombola de Itacaré tem coleta em domicílio ou em caçambas que atendem a comunidade, 14% queimam ou enterram em sua propriedade e apenas 0,4% afirmam jogar em terreno baldio, encostas, áreas públicas ou outros destinos.
Mais uma vez, o resultado é superior ao registrado para toda a cidade, que tem 75% de pessoas que têm coleta em domicílio ou em caçambas que atendem a comunidade, 24% queimam ou enterram em sua propriedade e 1% afirmam jogar em terreno baldio, encostas, áreas públicas ou outros destinos.
Em todo o país, apenas 51% das pessoas quilombolas têm coleta de lixo direta ou indireta (em caçambas), enquanto 46% enterram ou queimam nos domicílios e 3% jogam em terreno baldio, encostas, áreas públicas ou outros destinos.
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