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Foto do escritorMárcio Leal

Filme baiano "Filho de Boi" entra em circuito comercial


Rodado no interior da Bahia e financiado pela Lei Paulo Gustavo no estado, o filme baiano Filho de Boi, do diretor Haroldo Borges, chegou ao circuito comercial de cinema na última semana. "O filme é baiano apenas no Brasil. Lá na Coreia, em Roma, na Espanha ou na Argentina, o filme é brasileiro. Também não somos estrangeiros em nosso próprio país. Nos sentimos igualmente em casa, em São Paulo no Rio ou Curitiba", afirma Borges.


Ele defende que a produção "fora do eixo" precisa de mais apoio do governo federal. "Os bons filmes não são frutos de altíssimos orçamentos. Então é preciso estar atento aos filmes com concentração de verba. E isso é o que acontece o tempo todo. A Ancine precisa perder o preconceito de que apenas filmes de alto orçamento são filmes comerciais. Muitos filmes com orçamentos mais baixos, ambicionam também ser comerciais."


O diretor ressalta a importância do cinema que vem sendo desenvolvido no interior do país. "A própria indústria se regenera a partir da inovação. E a novidade hoje vem de fora desses grandes centros. Vem principalmente do interior do país e de locais que tradicionalmente até então não produziam cinema. São olhares cheios de frescor."


Na trama, assinada pelo próprio Borges e Paula Gomes, João é um menino tímido de 13 anos que mora no sertão baiano. O vínculo com seu pai foi rompido e ele não tem amigos. Quando um pequeno circo chega à cidade buscando um novo palhaço, ele vê a oportunidade perfeita para fugir dali.



O lançamento mundial foi no Festival de Busan (Coreia do Sul), um dos maiores do continente asiático. E ainda passou pelo FICG – Festival Internacional de Cinema de Guadalajara (México), onde recebeu o Prêmio Film4Climate de pós-produção, e o Festival de Málaga (Espanha), onde recebeu o Prêmio do Público.


Para a escolha de locações, a equipe viajou muitos quilômetros pelo interior da Bahia – foram cerca de 40 cidades visitadas, como Euclides da Cunha, Santa Bárbara, Pinhões e Tanquinho, até que chegaram em Uauá – segundo Borges, uma cidade muito rica culturalmente, onde se realiza a tradicional missa do vaqueiro e tem um São João muito animado.


"Há uma tradição de sanfoneiros também muito forte por ali. Nos decidimos filmar num pequeno povoado que fica entre Uauá e Juazeiro. Ali é uma região muito famosa, estávamos muito perto a Canudos. Famosa por suas lutas de resistências", explica o diretor.


O filme, além de levar as paisagens do interior da Bahia para a tela, também buscou incorporar representantes da comunidade local ao elenco e à equipe. O protagonista, João Pedro Dias, é de Juazeiro e foi escolhido após um processo de seleção que envolveu 1,5 mil crianças de escolas públicas na zona rural do sertão baiano.


O elenco ainda traz nomes como Luiz Carlos Vasconcelos (de "Marighella", "Carandiru", "Abril Despedaçado"), Jonas Laborda ("Jonas e o Circo sem Lona") e Vinicius Bustani, além de vários palhaços de pequenos circos itinerantes da Bahia.


E uma parte da equipe também era do local onde o filme foi rodado. "Pessoas que se apaixonaram pela ideia de estarmos ali na cidade deles. Estão presentes em todos departamentos. É uma forma de abraçar a comunidade. De aprendermos com eles, de nos inserirmos e aprimorar o olhar", conta Borges.


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