Economia Solidária tem política nacional
- Márcio Leal
- 26 de dez. de 2024
- 3 min de leitura

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nessa segunda-feira (23/12), a Lei nº 15.068/2024, que cria a Política Nacional de Economia Solidária. A nova legislação recebeu o nome do sociólogo, professor e economista Paul Singer por sua dedicação, durante duas décadas, ao estudo aprofundado do tema e sua atuação como secretário nacional de Economia Solidária — o que o tornou referência nacional e internacional sobre o tema.
"É efetivamente uma homenagem muito merecida, porque no Brasil nunca teve ninguém que cuidasse da economia solidária melhor do que o Paul Singer", destacou o presidente. Autor de diversos livros sobre economia e política, Paul Singer morreu em São Paulo, em abril de 2018.
Entre os objetivos da nova Política Nacional, se destacam:
Fortalecimento e estimulação do associativismo e o cooperativismo, que caracterizam os empreendimentos de economia solidária;
Contribuição para a geração de renda, a melhoria da qualidade de vida e a promoção da justiça social;
Promoção do acesso da economia solidária a instrumentos de fomento, a meios de produção, a mercados e ao conhecimento e às tecnologias sociais necessários ao seu desenvolvimento; e
Apoio a ações que aproximem consumidores e produtores, de modo a impulsionar práticas relacionadas ao consumo consciente e ao comércio justo e solidário.
O texto estabelece ainda a criação do Sistema Nacional da Economia Solidária (Sinaes), que vai integrar esforços entre entes federativos e a sociedade civil, bem como monitorar a implementação da política. O Sistema é composto pela Conferência Nacional de Economia Solidária - que em abril terá sua 4ª edição - , pelo Conselho Nacional de Economia Solidária, órgãos da administração pública e organizações da sociedade civil, além de conselhos estaduais e municipais.
A Política ainda alterou o Código Civil para incluir os empreendimentos econômicos solidários (EES) como uma nova categoria de pessoa jurídica. Isso deve permitir um melhor enquadramento legal e acesso a benefícios por associações, cooperativas, empresas recuperadas assumidas por trabalhadores, redes de produção, comercialização e consumo, bancos comunitários, cooperativas de crédito e clubes de trocas.
Economia popular e solidária
No Brasil, a economia popular e solidária surgiu no final dos anos 80, quando trabalhadores começaram a se organizar coletivamente, por meio de cooperativas e associações, como resposta à crise econômica e ao desemprego em massa. Em 2003, pela primeira vez, esse modelo econômico foi incorporado como uma política pública no governo federal, com a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária dentro da estrutura do Ministério do Trabalho e Emprego.
A economia popular e solidária é baseada na cooperação, solidariedade e autogestão, visando promover a inclusão social e a geração de renda. Esse modelo econômico tem se consolidado como uma alternativa viável e eficaz para enfrentar a desigualdade social e a exclusão econômica.
Nesse sistema, trabalhadores e trabalhadoras se organizam coletivamente em cooperativas, associações ou grupos de produção, compartilhando os meios de produção e os resultados do trabalho de forma igualitária, priorizando o bem-estar coletivo, a preservação do meio ambiente e a valorização da cultura local.
Esses empreendimentos estão no campo e nas cidades, são cooperativas ou associações de agricultores familiares, prestadores de serviços, instituições de finanças solidárias ou plataformas digitais.
Hoje, são mais de 20 mil empreendimentos identificados no Cadastro Nacional de Empreendimentos Econômicos Solidários, envolvendo mais de 1,4 milhão de brasileiros e brasileiras. Em Itacaré (BA), até hoje, houve apenas um pedido de cadastro, da Associação dos Posseiros do Novo Paraíso, mas que não houve andamento e está pendente de análise desde 2016.
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